quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Porque o retorno

Todo dia eu acordo, levanto, me arrumo, arrumo minha filha, levo-a para a escola e cumpro com meus afazeres. A rotina varia um pouco de acordo com as atividades de Clara, alguns dias eu passo horas indo de um lugar para o outro, só mãe-torista. Já outros são leves, cheios de tempo ocioso, e ocupar a mente, não deixar que a frustração pela falta de emprego ou de dinheiro ou dos dois, tome conta do meu ser, é uma tarefa árdua. 

Acontece que eu vim parar em Siegen por livre arbítrio. Poderíamos continuar na vida de casal que se vê nos fins de semana, mas a escolha foi ser família, então a gente morde o tamarindo verde e enfrenta o que vier.  Se você nunca comeu um tamarindo verde, pense em algo azedo, daqueles que deixam sua língua colada no palato, as entranhas se reviram, a saliva some, pensou? Um tamarindo verde é parecido!

Mas não conseguir um emprego rápido me frustrou muito. Pronto, falei! Num terapeuta essa frase me custaria uns 200 Euros. Tá vendo, eu sei jogar o "jogo do contente". E estou meditando, tentando me tornar uma pessoa melhor. Tarefa árdua, essa! Meditar me ajuda a dominar esses sentimentos de frustração, me ajuda a valorizar o que eu tenho, me faz crescer emocionalmente.

E eu preciso dar vazão aos meus pensamentos, registrar os ocorridos para não esquecer. A gente nunca sabe o que vem por ai.

Por essa razão, escrevo. Quiçá meus dotes literários afloram.

Até lá, ainda tenho muitas estórias para contar.


terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Retornando às letras

Me deu vontade de voltar a escrever. Sem presunção e sim por vontade de registrar coisas que vivencio, relatar os passos dados em minha vida como essa mudança de cidade, e também pela exploração dos meus próprios sentimentos.

Há quase um ano mudamos para Siegen, no mesmo estado que Aachen, na Renania do Norte Vestifalico, perto da fronteira com Hessen e Rheinland-Pfalz. Aqui tudo fica longe, minha locomoção é de carro pra lá e pra cá. Em Aachen eu saia de ônibus ou bicicleta. Aqui ou é de carro ou não se chega.

Siegen, assim como Roma, foi construída em cima de 7 morros. A topografia é montanhosa, o clima é mais frio e chuvoso, do que Aachen - o que já é uma proeza - e a cidade é uma cidade industrial, com potencial de se tornar realmente atraente, mas ainda deixa muito a desejar.

Sim, sei que sou exigente, mas quem já me visitou sempre concorda comigo, quando digo que estou no meio do mato.

Apesar de ser provinciana, temos uma ótima universidade. E até alguns famosos. Aqui nasceu Maurício de Nassau. Então há muitos anos, Siegen era parte do Reino Holandês. Sim, e aqui nasceu Paul Peter Rubens, o pintor, que pintava aquelas mulheres exuberantes. Hoje o museu de arte moderna da cidade é parte do circuito artístico da Alemanha.

Para minha filha a mudança foi drástica. Mas a escola, os novos amigos e as opções de lazer estão ajudando a recuperar-se do choque.  Clara está fazendo balé com uma antiga bailarina do Bolshoi. Quem imaginaria isso um dia?  E fazendo ginástica num lugar maravilhoso, desenvolvendo habilidades, que eu nunca pude desenvolver lá na minha terrinha no interior da Bahia.

E eu? Estou procurando emprego e fazendo serviço voluntário na escola onde Clara estuda. Mas isso já é assunto ara um outro posting.